O IMPROVÁVEL

Vivemos e norteamos nossas vidas pela lógica cartesiana de certezas. Temos que decidir sobre determinado assunto, somamos os prós e os contras, suas consequências e decidimos. Até porque este é o método salutar de não errar ou errar menos. Entretanto, quantas vezes tínhamos certeza de que a solução encontrada era esta ou aquela e desembocamos num redondo e irremediável fracasso. Contradições que temos que conviver e lidar com elas ao longo da vida.

Entretanto, a vida não é somente um teorema cartesiano, ela vai além e muito além disso! Existem o imponderável e o improvável sobre os quais não temos nenhum controle e que, às vezes, tem influência decisiva sobre as nossas vidas. Durma com um barulho desses!

Ela estava na Espanha. De repente sente que há alguém seguindo-a pela rua. Ficou cismada, mas não se apavorou. Na sequência do caminho, ela entrou numa loja, onde ele a abordou e lhe perguntou em italiano misturado com espanhol: Quer se casar comigo? E ela embasbacada não sabia o que lhe responder, retrucou: mas eu nem o conheço e ele respondeu – vai ser uma excelente oportunidade, para nos conhecermos.

Rose e Luigi estão casados, há duas décadas, e moram em Milão, na Itália e tem uma filha linda chamada Anna Sofia que estuda em Oxford. Quem diria que Rose que nasceu num lugar improvável, onde o Judas perdeu as botas, tem o prodígio de ter uma filha estudando na Inglaterra!

Indicaram-me um local onde eu poderia adquirir um pernil de carneiro. Ao chegar no endereço fui recebido por uma pessoa que tropeçava na língua portuguesa. Eu lhe perguntei a sua procedência e ele me respondeu que era de Israel. Fui além e lhe indaguei, como ele teria chegado aqui, e ele me respondeu que era o “amor”. De contatos na Internet com uma cuiabana, ele veio para cá, e se casou com ela e estava morando aqui.

Uma outra conhecida minha fazia contatos musicais com um boliviano pela Internet. Um dia, ele a convidou para conhecer La Paz. Quando ela estava voltando, ele a pediu em casamento e casou-se com ela. Constituíram família tem filhos, e moram na Capital da Bolívia.

Tenho uma outra estória parecida, meus caros leitores, mas me reservo o direito de não a relatar, pois ela iniciou há pouco tempo e ainda está em curso.

Ficam aqui esses relatos e essas confidências para lhes dizer que a vida e os seus desígnios não nos pertencem. Enquanto vivermos, ela estará pregando peças e nos surpreendendo. Não entregue “os pontos”! É aconselhável estar sempre alerta, pois o improvável e o imponderável podem estar sempre à espreita. Se la vie!

Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br

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