Numa cidade do interior da Paraíba chamada de Taperoá, onde nasceu Ariano Suassuna, está grafado no muro do cemitério, a seguinte e curiosa frase: Reino da Igualdade. O seu autor não poderia ser mais feliz em cunhar esta verdade incontestável.
E o homem aqui, no reino da fantasia, se debate, há séculos, à procura da igualdade. Por razões, as mais diversas, ela já teria sido encontrada e perdida, nas inúmeras frentes onde foi procurada: na religião, nas ideologias, na filosofia, na sociologia, na política, nas leis e em diversos outros campos do conhecimento humano. A pergunta que se faz é se, neste plano, a sonhada efetiva igualdade existe e poderia estar escondida em algum lugar inacessível?
Já passou tanto tempo da presença do homem na terra e parece que algumas coisas são inalcançáveis e uma delas deve ser a fugidia igualdade
Roda o tempo melancólico, no seu interminável fuso (Cecília Meirelles) e o homem continua o mesmo indomável selvagem que humilha, discrimina e liquida, sem remorsos, sem piedade, os seus semelhantes. Ele faz guerras desde que apareceu por aqui, há milhares de anos, para dominar e impor sua vontade aos seus pares. Dizem, os mais informados, que existem 20 guerras em andamento, em todo mundo, por pueris motivos que não vale a pena enumerá-los. A empatia é um sentimento cada vez mais distante. Mata-se, rouba-se, engana-se, escraviza-se, trai-se e trucida-se cada vez mais pessoas, como se o mundo fosse um salve quem puder e os despojos dos vencidos fosse o troféu de vencedores.
Transito, em dois polos, com muita frequência: o otimismo e o pessimismo. Por mais que eu seja uma pessoa positiva, mas uma voz interior me segreda: isso aqui não tem solução! É um navio avariado que mais ou menos dias afundará. Quanto mais vivo e convivo com os homens menos acredito neles. Hoje, eu tenho certeza de que se instaurou aqui o Reino do Mal e uma minoria insiste em salvar o barco que está afundando pouco a pouco. Então o navio vai, com certeza, a pique. O cinismo, a ganância, a insensibilidade, a sede de poder e o mau “caratismo” venceram e vão levar consigo tudo para o inferno.
E assim, a igualdade é apenas uma quimera! E ela será alcançada na hora em que todos fecharem os olhos de forma definitiva, no Reino da Igualdade.
Por falta de alguma coisa mais edificante para lhes dizer, meus caros leitores, espero sinceramente está errado. Que a terra me seja leve! E que o meu pessimismo seja passageiro e, amanhã, num novo dia, eu possa recuperar o meu otimismo que penosamente me ajudou a chegar até aqui nesse calor sufocante da querida e amada Cuiabá, que ficará inabitável, se o homem continuar irresponsavelmente a destruir a natureza, abreviando, ainda mais, a sua presença neste Planeta Azul.
Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br