Tenho a impressão de que, às vezes, eu não alcanço os novos avanços das tecnologias que progridem, numa velocidade geométrica, na minha frente, dia após dia, e que exigem conhecimentos cada vez maiores das máquinas que tenho que lidar diariamente. Por mais que seja uma piada, estas máquinas deveriam vir acompanhadas de um japonesinho!
Eu costumo dizer para as pessoas que a minha especialidade não é entender de máquinas, mas sim manuseá-las, para desenvolver as minhas atividades específicas. De vez em quando eu fico “no mato sem cachorro”, pois o meu computador e os engenhos que tenho em casa para ter acesso a canais de televisão e a filmes pela Internet “embananam” e lá estou eu sem conseguir explicar, por telefone, o que foi que aconteceu, às fornecedoras dos serviços ou aos técnicos que me dão suporte.
Dinheiro sonante (sound money) ninguém recebe mais. Isto é coisa do passado. Ou se paga no Pix ou com um cartão de aproximação e/ou terá que se virar com este para pagar o estacionamento ou na loja automatizada numa máquina que, às vezes, se transforma numa esfinge em nossa frente. Se ficar nervoso é pior. Quem anda esporadicamente de Uber, vai certamente ter dificuldades em lidar com uma simples chamada de um veículo. Enfim, meu caro leitor, eu tenho a impressão de que sou um dos que está sobrando neste mundo automatizado. Creio eu que não sou analfabeto digital, mas com certeza sou semianalfabeto. Os mais jovens vão dizer que sou burro, pois onde já se viu não saber manusear uma coisa tão fácil!
A prática, com certeza, leva a perfeição. Como já não tenho paciência para ficar o dia inteiro olhando para a tela de um computador/celular para aprender a maioria dos seus segredos, acho que me cai bem a alcunha de burro. As mulheres sempre me impressionam, primeiro pela beleza e a inteligência e, depois pela suprema persistência, com as exceções devidas, pois não se vai encontrar mais nenhuma delas que não esteja obcecada pela tela de um aparelho celular, alheada num mundo virtual. As crianças então acordam e dormem olhando para a tela brilhosa de encantos mil.
Entretanto, meu caro leitor a vida é dura para quem é mole! Se você e nem eu, estamos mortos, vamos nos repaginar e aprender as coisas do nosso tempo, por mais que ele esteja curto para nós outros.
É preciso tentar e nos adequar a esta imediatista nova era. Imagine esta tarefa para os analfabetos que não sabem sequer ler e que vagam, as tontas, neste mundo que não os aceitam e nem os absolvem, onde eles sequer existem. Este é o alto preço do “pogresso”, para quem sempre “pagou o caríssimo pato”.
O Brasil, apesar de um pequeno declínio, ainda tem 10 milhões da analfabetos (párias). Este é um cancro que precisa ser erradicado, pois o País não pode continuar a ser pai para uns e padrasto para outros. A educação deve ter prioridade absoluta, sem exceção. Se na era digital tudo conspira contra os de poucas luzes, imagine o que acontecerá com eles quando a inteligência artificial, que se avizinha, estiver ditando as ordens dos nossos dias.
Renato Gomes Nery. E-mail- rgnery@terra.com.br