Este é o título novo livro de Edney Silvestre, Ed. Globo/2021. É o segundo livro, deste autor, que leio. O primeiro foi Vidas Provisórias – Ed. Intrínseca/2013, sobre o qual escrevi um texto nesta coluna. Este autor para mim é uma grata surpresa. Conta, no primeiro livro, a história de todos aqueles que não escolheram a estrada, mas foram lançados nela. Enfim, os da equipe dos perdedores: os exilados.
Neste último, ele conta a história dos heroicos imigrantes italianos que, no final do século XIX, ousaram atravessar o Atlântico e aportaram no Brasil, a fim de substituir a mão de obra escrava, nas fazendas de café; ressaltando, o papel de notáveis mulheres que ousaram dar os primeiros sinais da liberação feminina.
Quem decide os caminhos do destino, senão o próprio destino? Esta pergunta é respondida pelo autor, com pertinência. Quando decisões pensadas e tomadas são arrebatadas pelo imponderável destino que muda o curso da vida das pessoas. Quando os amores improváveis plasmam na frente das pessoas que são obrigadas a decidir entre a estabilidade e a tempestade! Estas constatações, levam o autor a afirmar: Toda história de amor é uma história improvável!
Do padre que faz sua amante casar-se com alguém para manter as aparências de sua proibida relação intima, com prole, com a noiva. Da moça que foge com o noivo da irmã. Da filha mais velha – que estava destinada a cuidar dos pais e a um futuro fixo e medíocre – passa a manter uma relação amorosa com o marido da mulher do padre que estava, por causa de sua cor, destinado a nada. Todos esses são amores improváveis que não deveriam existir, mas existiram para desafiar o implausível.
Tanto o livro que leva o nome deste texto quanto o anterior são tocantes e sensíveis, pois contam história de imigrantes “sem eira e nem beira” que sobrevivem as adversidades da vida dura em outros países e que aspiram voltar para sua pátria, mas que o destino avesso os obriga aos rigores dos seus caprichos.
O livro inova, pois, cada capítulo se resume a uma página com o verso ilustrado por uma correspondente foto ou gravura. Portanto, acessível e fácil de ler com sua escrita coloquial. Eis aí uma leitura atrativa, primorosa e comovente para quem não gosta de textos densos. Encerro, com trecho da introdução do livro que é uma lição do mais puro e sincero otimismo:
“Nem que eu vivesse oitocentas mil vidas seguidas ou intermitentes, teria como agradecer seu exemplo de resiliência e tenacidade, suas lições diárias de alegria e esperança em dias melhores, sua confiança de que a luta vale a pena e que, se não se ganha hoje, ou amanhã e, mesmo que não se ganha nunca, vale sempre a pena tentar….”
Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br