MARIA

                                       Eu quero você bela, glamorosa e cheia de luz para iluminar os caminhos escuros da existência! A minha mãe era bela aos meus olhos. As minhas filhas me encantam. E sobrevivem em mim o carinho, a pureza, a saudade e a nostalgia de todas as mulheres que fizeram parte de minha vida. Sem os cuidados e alento de todas elas eu não creio que seria o que sou.

                                       Nesta ferrenha luta pela igualdade de gênero, esquecem-se o lado romântico da vida. As mulheres não precisam provar nada. Afirmo, sem receio de errar, que elas nasceram anos luz na frente dos homens, por inúmeras vantagens e, a maior delas, é: a responsabilidade pela vida que os homens destroem, em contendas familiares inúteis, em competições de egos, guerras estúpidas e irresponsáveis para provar quem é o galo do terreiro.

                                       Eu fico com os poetas e compositores, notadamente os românticos, que elevam as mulheres aos patamares que elas merecem, vendo a magia de uns olhos castanhos de encantos tamanhos, uns olhos claros de cristais ou pretos como as asas da graúna. Um porte elegante ou um olhar fatal de secar pimenteira ou mágico e inocente que derruba corações insensíveis. E tantos outros predicados, como voz cativante de toda mulher quando quer alguma coisa. Enfim, por que não lembrar de Capitu a duvidosa heroína do nosso maior escritor. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira de José de Alencar. De Ana Terra, de Bibiana e de Clarissa do escritor mais feminista do Brasil: Érico Veríssimo. A sensibilidade feminina me encanta, pois eu gostaria de ter a competência de um escritor clássico, a plasmar uma obra de arte para grafar a alegria deste mundo: as mulheres.

                                       Não tenho como lembrar ou citar todos aqueles que se vergaram ante as mulheres e escreveram páginas belas. Eu gosto de me referir aos compositores de versos e canções brasileiros que são capazes de dizer, num pequeno texto, um mundo inteiro. Ary Barroso e Dorival Caymmi nos presentearam com uma das belas canções do cancioneiro nacional, que eu evoco para homenagear todas as mulheres, neste mês de março, quando elas são reverenciadas:      

                         Maria

Maria o teu nome principia na palma da minha mão.
E cabe bem direitinho dentro do meu coração
Maria… maria.
De olhos claros cor do dia como os de nosso senhor.
Eu  fui vê-los tão de perto fiquei ceguinho de amor.
Maria…
No dia minha querida em que juntinhos na vida nós dois nos quisermos bem
A noite em nosso cantinho ei de chamar-te baixinho não há de ouvir mais ninguém Maria, Maria…
Era o nome que eu dizia quando aprendi a falar
Da vozinha coitadinha que eu não canso de chorar
Maria…
E quando eu morar contigo tu hás de ver que perigo que isto vai ser ai meu deus…
Vai nascer todos os dias uma porção de marias de olhinhos da cor dos teus…
Maria… Maria.

                           Renato Gomes Nery. E-mail- rgnery@terra.com.br Site – www.renatogomesnery.com.br

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