A colonização da América foi efetivada a força, desprezando e destruindo o que puderam dos valores e da cultura indígena ou simplesmente dizimando os índios. Com a libertação do jugo estrangeiro – permaneceu o estigma da destruição-, pois as nações americanas continuaram a tarefa, não concluída, de liquidação das populações autóctones. Sem desprezar os métodos antigos, passou-se a usar alimentos, camisas, brinquedos e aguadas envenenadas, bem como a exposição dos índios a doenças contagiosas como a varíola ou simplesmente utilizando da nossa rica cachaça para transformar os índios em alcóolatras.
A história do Paralelo XVI, no Centro Oeste, principalmente no Estado de Mato Grosso, entre tantas outras histórias macabras, é uma prova do genocídio perpetrado, com os métodos acima expostos.
A ordem é colonizar o País, como o Chile e outros países do Continente, dizimando os índios ou segregando-os em locais inóspitos, como conta Izabel Allende nos livros Inês da Minha Vida e Violeta, para se fazer a ocupação de suas terras.
Ressaltando-se, novamente, sem desprezar os métodos antigos, continua-se usando a força bruta, a matança, o estupro, a fome e, notadamente, o MERCÚRIO, para colocar abaixo a nação Indígena Ianomani, com a crueldade, que está sendo exposta pelos canais de TV. A Reserva Ianomani é no território brasileiro (Roraima e Amazonas), onde reside mais de 80% do povo Ianomani, com quase 96 mil km2, ao contrário daqueles interessados em defender interesses espúrios que afirmam que ela, também, está situada na Venezuela, para esconder ou não dar recibo das atrocidades perpetradas por garimpeiros e pela omissão do Poder Público que tentou, em passado recentíssimo, extingui-la, por várias vezes.
Se existe um pecado grave ou, com certeza, um crime impune, no Brasil, ele chama-se omissão, agravado pela ganância e, sobretudo pela insensibilidade e a indiferença escondidas atrás de um tom amigável de uma conversa mole e fiada. Entretanto, padece de um desprezo surdo e mudo por POBRES, INDIOS (que eram dono de tudo) e NEGROS (libertos da escravidão e abandonados ao léu sem eira e nem beira); para quais, o País tem uma dívida imensa que se recusa a saldar para resgatar do limbo todos aqueles que estão na linha de pobreza ou abaixo dela, chafurdando na miséria e na fome de um País que é um dos maiores produtores de grãos e proteína animal do mundo. Enfim, um pai carinhoso de uma minoria privilegiada e um padrasto cruel e perverso da maioria, desde sempre.
Estas e tantas outras contradições, deste Brasil varonil, aquecem uma bomba(s), em fogo contínuo, que um dia ainda acabará explodindo.
Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terrra.com.br