Fui acometido pela COVID, em agosto de 2021. Tive os cuidados de uma Home Care e fui depois internado num hospital por 08 dias. Não vou descrever aqui os severos incômodos que foi esse período, pois a intenção deste texto é descrever sobre os efeitos colaterais que se prolongaram no tempo. Os especialistas que achavam que eles persistiam por um ano, ultimamente, têm afirmado que este prazo é de dois anos.
Eu não consegui, após esta infausta doença, retornar completamente as minhas atividades profissionais e intelectuais, pois a minha memória ainda reclama. Logo após ter me livrado dela eu tive uma perda de memória ao volante do carro, o que me levou a ficar por 30 dias sem dirigir. Tenho, apesar de tudo, mantido esta coluna semanal neste jornal, o que comprova que não me transformei num “quarta feira”.
Eu sou um leitor compulsivo e leio normalmente vários livros por mês. Aliás, até ser acometido pela COVID, em agosto de 2022. E este texto foi concebido, em 20.05.2022, por que foi nesta data que terminei um dos livros começados naquele período. Ele se chama O Crepúsculo e a Aurora do veterano escritor inglês Ken Follett – um dos meus autores preferidos – Editora Arqueiros- 2020.
O livro descreve a história da Grã Bretanha, após o declínio do Império Romano, começando, no ano 997 d.C. Neste período vários avanços da civilização se perderam e é conhecido como Idade das Trevas quando, após 500 anos, as coisas começam a mudar: “Os homens no poder fazem justiça de acordo com os seus interesses, ignorando o povo e muitas vezes desafiando o próprio rei. Na falta de uma legislação clara, o caos reina absoluto”, como é descrito na introdução do livro.
Estes sintomas são próprios de países em formação. É por isto que claudicamos com o nosso querido Brasil, um país que irá se consolidar, após os arroubos da juventude. E isto se dará, sem milagres ou milagreiros e outros embusteiros, pois depende do amadurecimento que é fruto da passagem implacável do tempo. Enfim, temos todos os sintomas de filhos mal concebidos que se chama infantilidade.
Os livros que adquiri e não li ainda me olham de soslaio, em cima da mesa do escritório que mantenho em casa, com a certeza de que serão lidos. A minha formação não me permite maiores incursões na medicina, onde os especialistas queimam pestanas para explicar a COVID e seus desdobramentos. Entretanto, eu tenho uma certeza de que a memória é plástica e deve ser exaustivamente exercitada, pois se assim não for ela se transformará numa página em branco. Portanto, meus caros leitores, ponham a mão na massa, e não deixe que esta cruel doença comprometa mais do que os especialistas consideram razoável da sua preciosa mente ou quaisquer de suas funções vitais.
Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br