O ciclo da vida é: nascer, crescer, envelhecer e morrer. Não se pode fugir dessa equação. Entretanto, vive-se hoje a tentativa da juventude eterna. Ou se é jovem e saudável ou não se é nada. Se cultua a juventude com se esta não fosse acabar. Alguns órgãos de informação contribuem para isto. É comum se deparar com notícias como esta: você viu o estado de fulano ou de sicrano. Se você o vê, não o reconhecerá! A atriz Bete Farias foi interpelada na praia por curiosos que não queriam ver a mulher que ela se transformou e ela disse: eu sou velha!
Ser velho (a) não é defeito é apenas um estágio da vida que nem todos podem desfrutar já que ela pode ser interrompida antes. A juventude é apenas uma fase da vida e nada mais. Depois a vida segue em frente com todas as delicias e percalços normais da existência.
Se não se prestigiam e nem homenageiam os mais velhos é por que a juventude é obtusa, pois aqueles detém a chave da sabedoria que não pode ser encontrada na tela de um computador, pois ela implica em experiência e muita experiência que somente o correr da vida ensina.
O fato de não se deter as habilidades de trafegar nos meandros digitais não autoriza a dar aos mais velhos o atestado de inabilidade e de burrice. E há um desprezo na cara de jovens com as dificuldades daqueles em movimentar as maravilhas do mundo digital. Tenho ouvido queixas e mágoas frequentes, principalmente de pais que dependem dos filhos para encontrar e se servir das facilidades da Internet. Todos eles queriam que as máquinas digitais viessem com um japonesinho de brinde para lhes ensinar e retirar as dúvidas do universo digital, pois a paciência da juventude é cada vez mais curta.
Será que o velho, explorado e o sofrido Continente Africano tem algo a nos ensinar? Pelas parcas informações que temos a respeito, parece que não. Entretanto, conforme noticia Frederck Forsyth, em sua recente e excelente autobiografia, Outsider, pag. 172, 1ª Ed. Record – 2018. Lá a velhice é uma fonte do saber. Os velhos são amados e reverenciados. Veja o que ele relata a respeito das tratativas para a independência Nigéria:
“ Criou-se três Conselhos: a assembleia constituinte, majoritariamente formada por médico, advogados e graduados; o conselho de chefes e anciões, vital em uma sociedade da África, onde idade e posição no clã são reverenciadas”.
Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br