OS NOSSOS FANTASMAS

Para eximirmos de nossas responsabilidades é comum, aqui no Brasil, achar um culpado para justificar nossos equívocos, desacertos e erros. A nossa vocação para o fracasso seria culpa dos portugueses. Se a nossa colonização fosse patrocinada por outro povo, de preferência, o inglês, o País seria uma maravilha! Não se pode mudar o passado, mas pode-se culpa-lo. Por que não? Enquanto acharmos que a chave da solução dos nossos desacertos e fracassos está em outro lugar, continuamos andando para trás e não descobriremos que somos o que somos por que nos falta cepa, discernimento, bom senso e vergonha na cara. Chorar pelos contos e ficar com pena de nós mesmos, louvando nossas envergonhadas virtudes, é o caminho mais próximo da ruína. Nem sequer nos damos conta das nossas vantagens, pois quem descobriu o Brasil sabia que aqui – em se plantando tudo dá. Entretanto, esta evidência não nos parece clara até hoje. A sombra do comunismo é o apanágio dos medos que paíram sobre a história do Brasil. A ditadura implantada no Brasil, no ano de 1937, foi sob o pretexto de livrar o País daquele regime. O Golpe de 1964 teve como pano de fundo exorcizar o Pais daquela assombração. E o atual Presidente admite publicamente que o seu papel é tirar do País o gênio do mal chamado de comunismo e de seus seguidores, quando este regime não apresenta mais risco efetivo em qualquer lugar do mundo. Os nossos fantasmas são muitos e continuam a nos assombrar sistematicamente. Não descobrimos que eles são herança de um período quando não existia luz elétrica. Enquanto esta crença persistir nós não descortinaremos o futuro promissor que nos aguarda. Temos que fazer das nossas deficiências e fraquezas uma força. Das nossas virtudes uma forma de progredir, pois países menos dotados prosperam e nós aqui marcando passo. Arde tudo! Este ar plúmbeo! O País é vítima de uma imensa e cruel coivara. A culpa é da natureza que nos deu prodigiosas florestas para que nós pudéssemos destruí-las, aumentando as áreas degradadas. Temos todo o direito, pois se outras nações destruíram as suas por que nós não podemos destruir as nossas! Ser pobre não é defeito, mas ser pobre e arrogante é uma lástima! Enfim, continuamos correndo atrás do rabo, a procura de outras quimeras!

Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br

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