O ENCANTADOR DE SERPENTES

O voto popular e o nosso regime representativo parecem ainda distantes de assegurar um caminho de paz e prosperidade. Repetindo um passado político recente, o País está mergulhado neste presente confuso, vítima de outro “encantador de serpentes” eleito com massivo e majoritário apoio popular. Até nome de Messias tem e, ao prometer levar o País ao paraíso, está conduzindo-o em direção a um mar de incertezas, agravado pelos severos rigores de uma pandemia mal combatida.

O certo que o atual mandatário tem “pés de barro”, faz oposição a si mesmo e sinaliza desabar tropeçando nas próprias pernas. Para tentar se manter no poder está se aliando a turma do fisiologismo que combateu severamente para se eleger. O que acontecerá podemos prever, neste País do Impeachment. Este, se for aberto, é sempre traumático e prolongado para o País que enfrenta uma severa pandemia e ainda a desconfiança da comunidade internacional pelos erros e desacertos do nosso mandatário mor, com severos reflexos na economia.

Entretanto, cada dia com a sua aflição e, a nossa continua penosa e severa. Neste País de vices, os olhos se voltam para o vice. Não teria condições de traçar o seu perfil, através de suas públicas manifestações isoladas que tenho conhecimento. O certo que, ao vingar o impedimento, assumiria um mandato que sequer chegou a metade. É bom, no entanto, não esquecer – que aqui nos trópicos – pior sempre poderá ficar!

O País está fechado, as contas vencendo, as empresas falindo, os contratos de trabalho suspensos, o desemprego aumentando, a fome rondando, a pandemia matando as pencas, os hospitais lotados e o Governo Federal parado na contramão dessa crise que pode se prolongar a mais sabe lá quanto tempo.

Por aqui no Estado, onde certamente sobra dinheiro, se notícia aumento salários, se criam mais 1/3 de novos cargos de novos desembargares e mais 90 cargos de assessoria que serão regiamente pagos para servi-los. Seria isto necessário e oportuno? No Tribunal de Contas – que ninguém sabe muito bem para serve, onde 2/3 dos seus membros encontram-se afastados por suspeita de corrupção – se aprovaram verbas indenizatória (VI), sem o respectivo impacto financeiro e que foram suspensas pelo STF. Tudo isto, com o bovino aval majoritário da Casa do Povo, a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso. Ninguém ousa falar mal do povo, mas o nosso não acerta mão nem aqui e nem acolá.

A par de tudo isto, o fantasma de um fechamento indeterminado (lockdown), nos assombra, por conta de uma pandemia mal combatida. Enfim, a roda não gira, ao menos para nós contribuintes. E se ela não gira, ninguém consegue normalizar a vida e o desastre pode ser vislumbrado na próxima esquina.

Somos todos órfãos da incompetência, da corrupção, da incúria e da falta de horizonte deste Pais sem peias. A realidade é cruel. Sinto não poder dar sequer um alento aos meus leitores, principalmente, aqueles que premidos pelas circunstâncias, me pediram a abordagem desse tema. Entretanto, eu preferia não está escrevendo sobre as patifarias de política nacional, mas está na boa vida de papo pro ar…. “Pescando num rio de Jereré/Onde tem peixe bom/E siri patola de dar com o pé”, como diz a canção De Papo Pro Ar, cantada pela inesquecível voz de Nelson Gonçalves ou então rabiscando as minhas crônicas.

Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br

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