Estamos assistindo, há uma semana, a maior cidade do Brasil inundar-se inapelavelmente. A televisão que mostrou na semana anterior os estragos feitos pelas chuvas, no Estado de Minas Gerais, mostra nesta semana, o que as chuvas têm feito com a cidade de São Paulo. Ela virou um mar de inundações, deixando o deslocamento urbano inviável, centenas de milhares de pessoas desalojadas, com enormes e incontáveis prejuízos que, se devidamente avaliados, fariam com que as autoridades repensassem o modelo urbano que temos.
Qual seria a solução? Eis a grande questão a ser solucionada! O crescimento desmedido das metrópoles é responsável por todos os desastres urbanos neste País que não prima pelas coisas certas e bem-feitas. O que é grande demais ficar inviável! O gigantismo é uma doença que precisa ser contida, sob pena de se ter um desastre atrás do outro. Os fatos estão demonstrando que esta assertiva é inconteste. Desconheço planos para as grandes cidades pararem de crescer. Aliás, para classe política quanto maior melhor, implicado em mais votos e mais força política. Portanto, os problemas crônicos e sem solução somente aumentam e agravam ano após ano.
Os Revolucionários Russos de 1917, tinham como meta não deixar as cidades crescerem além de 500 mil habitantes, pois eles entendiam que a partir daí as cidades ficavam inviáveis. Entretanto, nem eles, munidos de poderes imperiais, conseguiram com que as cidades russas não ultrapassassem o referido montante.
As grandes cidades avançam impunemente sobre vales, encostas, nascentes e etc. E nessa toada gestam tragédias anunciadas, onde as grandes vítimas são os necessitados e mais pobres que premidos por contingências desumanas se alojam em lugares impróprios, de onde são desalojados pela força da natureza que se viga dos desmandos deste País sem peias.
Quanto tempo irá passar e quantas tragédias irão acontecer para se acreditar no óbvio? Não sou especialistas nesta área, mas para mim e, analisando senso comum, o gigantismo das cidades somente nos aproxima, insistimos, de infortúnio em infortúnio, do visível horizonte do caos completo e absoluto.
Ou se impede o crescimento exagerado das grandes cidades ou continuamos em macha batida para o caos. Não sou trombeteiro da desordem e nem do apocalipse. Entretanto, fica aqui o alerta deste leigo que não sabe muito, mas, como cidadão, se vê indignado e na contingência de dar pitacos em muitas coisas.
P.S – A água que destrói no período das chuvas é escassa nas estações seguintes. É este o drama! Ressaltamos, segundo informações, a cidade de Cuiabá, gesta um terrível monstro na área aqui relatada. E ele já começou a nos assombrar.
Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br