SE FOI PRA DESFAZER, POR QUE É QUE FEZ?

                                               Estamos assistindo passivamente a decisão da AGECOPA de demolir o Estádio Verdão. Esta obra foi  aspiração e luta do povo cuiabano durante décadas. Palco de incontáveis partidas heróicas da história do futebol mato-grossense e do futebol nacional e internacional. Cenário vitórias e derrotas, de choros e alegrias e que agora uma Comissão quer derrubar para lá erigir um novo Estádio. Lembra-se do Dutrinha. Será que não vão destruí-lo, também, para lá  construir o novo, em nome da modernidade e  da viabilidade estratégica. Pesa ainda na memória do povo cuiabano a destruição – por motivos idênticos – da Catedral de Cuiabá, para lá construir, como de fato construiu um espigão de cimento, sem historia, sem tradição e sem compromissos com os nossos valores mais caros do passado que o presente insiste em destruir.

                                               Carece esta terra compromissos com as nossas tradições e com os valores mais preciosos do nosso povo, onde os espaços públicos não são preservados e se vende ruas para a iniciativa privada ampliar seus negócios, como se isto fosse uma coisa normal.  E  a desfaçatez dos responsáveis se limita a afirmar que tudo isto é legal, como legalidade fosse sinônimo de  ética, de moralidade e de responsabilidade com a coisa pública

                                               É bom que se lembre que o Estado de Mato Grosso é um Estado do futuro. Futuro este que já chegou. Os dados do IBGE são ilustrativos a este respeito. Veja os dados fornecidos pelo jornalista Onofre Ribeiro: “Neste ano que passou, o IBGE divulgou que Mato Grosso cresceu o Produto Interno Bruto de 2007 em 111,2% em relação a 2005. Foi como se nascesse outro Mato Grosso dentro do mesmo Mato Grosso. O poder de consumo da população subiu da 15ª. Para a 7ª. posição no Brasil. A renda per capita é de R$ 14.954,00, e R$ 500,00 acima da renda média brasileira. Ou seja, na visão do economista Carlos Vítor Timo, consultor econômico da Federação das Indústrias de Mato Grosso, “se fosse um país, Mato Grosso seria um tigre asiático”. E seria mesmo, porque a China, o maior gigante do mundo em crescimento, cresceu no mesmo período 111,9%, e nós aqui com 111,3%”. Cuiabá é o centro não somente da América do Sul, mas a Capital deste “grande Estado grande”, onde virão desaguar todas  as demandas deste estupendo desenvolvimento.

                                               Será que não temos visão e espaço para planejar o futuro desta cidade onde todos os índices de crescimento são favoráveis e a construção civil vem crescendo vertiginosamente. Será que perdemos a noção de que seremos grande, muito grande no futuro e que este futuro já chegou? Será que precisamos destruir o velho para construir o novo num local já asfixiado pele expansão urbana e sem perspectivas de  espaço para escoamento e  crescimento. E não foi para ser destruído que o Estádio Verdão foi construído com tanta luta, custeado pelo nosso rico dinheirinho, para ser destruído 03 décadas depois. Um pouco de cautela e bom senso não faria mal a ninguém nesta tormentosa questão.

                                               Renato Gomes Nery – é cidadão cuiabano. – E-mail – rgnery@terra.com.br.

Deixe um comentário